caso das joias sauditas - 12/05/2023 11:08

PF faz buscas na casa de ex-chefe de gabinete que classificava presentes de Bolsonaro

Marcelo da Silva Vieira é ex-funcionário da presidência da República no governo de Jair Bolsonaro e foi demitido do cargo em janeiro deste ano
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A PF (Polícia Federal) realiza na manhã desta sexta-feira (12) busca e apreensão de documentos na casa de Marcelo da Silva Vieira, ex-funcionário da presidência da República no governo de Jair Bolsonaro (PL), no Rio de Janeiro.

Vieira, que foi demitido em janeiro deste ano, é capitão de corveta da reserva e ex-chefe do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica da Presidência. Ele tinha como função classificar presentes recebidos pelo presidente. Em abril, ele depôs à PF sobre o caso das joias sauditas. As informações são do R7.

Em março, a defesa de Bolsonaro entregou à Caixa Econômica Federal as joias dadas pela Arábia Saudita ao ex-chefe do Executivo brasileiro. Avaliado em cerca de R$ 500 mil, o kit, composto de relógio, caneta, anel, abotoaduras e masbaha (um tipo de rosário), foi oferecido a Bolsonaro em 2021.

A entrega foi feita pelo advogado Paulo Cunha Bueno, após a determinação, por unanimidade, do Tribunal de Contas da União (TCU). A Corte decidiu também, em 15 de março, que as armas dadas a Bolsonaro pelos Emirados Árabes devem ser entregues à Diretoria de Polícia Administrativa da Polícia Federal, em Brasília.

Na última sexta (5), o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, disse, em entrevista exclusiva ao JR Entrevista, que a corporação enviou investigadores à Suíça para atestar o real valor das joias presenteadas pelo governo da Arábia Saudita a Bolsonaro e que foram apreendidas pela Receita Federal no aeroporto de Guarulhos. Os itens de luxo, da marca suíça Chopard, foram estimados em R$ 16,5 milhões.

“A nossa investigação está na fase de perícias. Nossa equipe está na Suíça para fazer contato com a origem das joias, para que a gente tenha um laudo técnico que ateste que são aquelas pedras e a valoração delas, e com isso permitir a conclusão do inquérito policial a partir dos depoimentos que vamos colher”, afirmou Rodrigues.

Entenda o caso

Os itens foram trazidos para o Brasil por uma comitiva do Ministério de Minas e Energia, que representou o governo brasileiro em um evento na Arábia Saudita, em outubro de 2021. A comitiva, liderada pelo então ministro Bento Albuquerque, trouxe dois pacotes com presentes sauditas da marca Chopard.

O caso também é alvo de um pedido da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) protocolado na Câmara dos Deputados em 8 de março. No requerimento, parlamentares argumentaram que é necessário investigar as denúncias da entrada irregular das joias no país. “As condutas incorrem no completo desrespeito aos princípios que regem a vida e os agentes públicos”, diz o pedido.

Joias apreendidas

O governo Bolsonaro tentou trazer ilegalmente para o país um colar, um anel, um relógio e um par de brincos de diamantes avaliados em 3 milhões de euros, o equivalente a R$ 16,5 milhões. As joias eram um presente do regime saudita para o então presidente e a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e foram apreendidas no aeroporto de Guarulhos.

Estavam na mochila de um militar, assessor do então ministro Bento Albuquerque, que viajou para o Oriente Médio em outubro de 2021.

Ao saber que as joias haviam sido apreendidas, o ministro retornou à área da alfândega e tentou usar o cargo para liberar os diamantes. Foi nesse momento que Albuquerque disse que se tratava de um presente do governo da Arábia Saudita a Michelle.

A cena foi registrada pelas câmeras de segurança, como é de praxe nesse tipo de fiscalização. Mesmo assim, o agente da Receita reteve as joias, porque, no Brasil, é obrigatória a declaração ao Fisco de qualquer bem que entre no país cujo valor seja superior a 1.000 dólares.

Fonte: ND+
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