A Gol Linhas Aéreas, uma das maiores companhias do setor no Brasil, enfrenta uma dívida de cerca de R$ 20 bilhões. Com orçamento apertado, a empresa considera entrar com um pedido de recuperação judicial.
Esse cenário gerou impactos significativos no mercado, com suas ações (GOLL4) sofrendo uma queda acentuada de 6% na Bolsa de Valores na última segunda-feira (15). A situação preocupa os consumidores, especialmente aqueles que compraram ou planejam comprar passagens da empresa.
Passageiros devem temer a recuperação judicial?
Fernando Cascaes, especialista nesse tipo de processo, afirma: “os consumidores não devem temer a entrada da Gol em recuperação judicial, pois ela vai continuar operando”. Isso significa que não há riscos imediatos para os passageiros. Ainda assim, é fundamental acompanhar o desenvolvimento da situação, pois ajustes na oferta de voos podem ocorrer se o plano de reestruturação avançar, alerta Cascaes.Ele destaca que o caso é bastante diferente do que ocorreu com a 123 Milhas, que cancelou a emissão de passagens do pacote promocional com embarque para setembro e dezembro de 2023. “A 123 Milhas é uma agência de viagem que vende um produto e depende de um terceiro para entregar. Diferente disso, a Gol é operadora do voo, então ela já tem toda a sua equipe e estrutura para entregar esse serviço para o consumidor”.
O processo, apesar de indicar desafios financeiros, não implica em cancelamento de voos, como visto no caso da 123 Milhas. A Gol, assim como qualquer companhia em recuperação judicial, tem o interesse de manter suas operações e serviços, para que a reestruturação seja bem sucedida.
Importante destacar que a indústria aérea ainda se recupera dos impactos da pandemia, e a Gol não é a única a enfrentar desafios. Empresas aéreas como Avianca, Varig, Vasp e a Latam já passaram por processos de recuperação judicial. No caso da Latam em 2020, a empresa conseguiu se reestruturar com sucesso após entrar em recuperação nos EUA.
O que é a recuperação judicial?
Trata-se de um processo legal que permite às empresas com dificuldades financeiras renegociar suas dívidas enquanto mantêm suas operações. Cascaes explica que esse caminho, embora indique uma crise financeira, não necessariamente resulta em prejuízos ou inconvenientes para os passageiros. “Ao contrário, isso pode ser um sinal positivo, indicando uma proativa reorganização para garantir a sustentabilidade futura da empresa”, afirma Cascaes.Recomendação aos clientes da GOL
Para os consumidores que compraram passagens com a companhia, Cascaes envia uma mensagem de vigilância e paciência: “Acompanhem o que vai acontecer nas próximas semanas. E não se preocupem, pois em geral a empresa não vai cancelar os voos.” Caso ocorram mudanças, como ajustes na oferta de voos ou na frota, é provável que sejam comunicadas antecipadamente. Entretanto, no momento, não há razões imediatas para preocupações quanto a viagens já agendadas ou a serem planejadas com a Gol.
