Em cinco anos, o número de solicitações de nacionalidade portuguesa feita por brasileiros cresceu 81%, segundo dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) de Portugal. Os dados consideram o período de 2018 a 2022.
Na Europa, Portugal está entre os países com maior número de brasileiros e vistos concedidos. Em 2021, dados mais recentes do Gabinete de Estatísticas da União Europeia apontam que mais de 7 mil pedidos de nacionalidade foram concedidos a brasileiros por Portugal. No mesmo ano, cidadanias a outros países somam 20.429, sendo Itália (5.454 vistos garantidos), Espanha (3.207) e França (1.164) os principais.
Estados Unidos (1,9 milhão), Portugal (360 mil), Paraguai (254 mil) e Reino Unido (220 mil) concentram a maioria dos imigrantes brasileiros, segundo o Itamaraty.
Mudanças na lei
No início deste mês, o parlamento português aprovou uma alteração na contagem do prazo da autorização de residência. A lei estipula que o período de residência legal exigido seja de 5 anos para solicitação da cidadania. Antes disso, a contagem era feita apenas a partir da emissão da autorização. Entretanto, com as mudanças, a regra prevê que o prazo comece a ser contado desde o pedido da autorização.
Para o especialista em direito de imigração Wilson Bicalho, a mudança pode facilitar a regularização da cidadania no país. Segundo ele, a maioria dos brasileiros dá entrada em um processo de regularização quando já está em Portugal e não no Brasil, que seria o mais correto.
No Brasil, o Congresso aprovou uma emenda à Constituição da dupla nacionalidade, que permite que brasileiros solicitarem outra nacionalidade sem perder a brasileira. Pessoas que renunciaram à condição anteriormente também poderão recuperar a nacionalidade brasileira.
Em 2022, os brasileiros se destacaram entre os estrangeiros que permaneceram ilegalmente no país, com mais de 1,9 mil pessoas. E outras três foram identificadas por não renovarem a autorização de residência no país.
Em outro episódio, alunos brasileiros denunciaram um caso de xenofobia no campus da Universidade de Lisboa. Uma caixa com a inscrição “loja de suvenires” e uma placa que dizia “grátis se for para atirar a um zuca que passou à frente no mestrado” foram deixadas no local. “Zuca” é um termo pejorativo usado em Portugal para se referir a brasileiros.
A discriminação pela nacionalidade brasileira no país é o principal motivo das denúncias, seguida por racismo e preconceito contra a etnia cigana.