HOMENAGEM - 17/04/2024 07:41 (atualizado em 17/04/2024 08:08)

Câmara de Vereadores de SMOeste presta homenagem póstuma à professora Oralina Borges

Professora por décadas, Oralina faleceu neste mês, aos 98 anos de idade
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Foto: Tiarajú Goldschmidt/Câmara de Vereadores

A Câmara de Vereadores realizou uma homenagem póstuma à senhora Oralina Antônia Lazarotto Borges pelos relevantes serviços prestados à sociedade miguel-oestina. A moção de aplauso foi proposta por todos os vereadores, que citam que Oralina deixou “um legado inestimável a São Miguel do Oeste”. A moção foi entregue a familiares da homenageada durante a sessão desta terça-feira (16).

Confira o histórico de Oralina Borges:

Oralina Antônia Lazarotto Borges nasceu em 6 de fevereiro de 1926, no município de Soledade – RS, filha de Pedro Alexandre Lazarotto e de Tereza Catharina Frison.

Fez a primeira comunhão com seis anos, decorando as orações, pois ainda não sabia ler. Em 1938, Oralina terminou a quarta série em Nova Alvorada. Veio de uma família de professores. Oralina é a segunda filha de sete irmãos, sendo que três se tornaram professoras.

Quando terminou a quarta série, foi convidada por um grupo de três famílias para ser professora das crianças nas casas deles, que ficavam a nove quilômetros longe da casa do seu pai. Em abril de 1939, então, foi lecionar na localidade que atualmente é Passo da Laje. Seu trabalho ocorria de segunda a sexta na parte da manhã, e aos sábados de manhã lecionava a catequese e aula. Aos sábados à tarde, o seu irmão Alfredo ia lhe buscar a cavalo.

Oralina dava aulas para 17 alunos. Nessa época construíram uma igrejinha, fizeram uns bancos de madeira rudes e uma mesinha. Ali ela dava catequese, rezava o terço nos domingos, mesmo que na capela não tinha estátuas de santos. Ali colocaram uma imagem de São Caetano, padroeiro da igreja.

Oralina lecionou naquela localidade por quatro anos (1939 a 1943). Em 1944, foi construída uma escola municipal e a localidade passou a ser denominada Passo da Laje (então Itapuca, munícipio de Soledade).

Em 1945, aos 19 anos, Oralina foi prestar concurso em Soledade e foi aprovada. Foi lotada na Escola Isolada Municipal da Morangueira, que foi nomeada de João de Deus. Nessa comunidade conheceu seu marido.

A escola ficava a seis quilômetros da casa dos seus pais. Geralmente ia a cavalo para casa, ou então parava na casa do seu tio Josué Frison. Ali continuou lecionando até o ano de 1950. Casou-se com Vivaldino da Silva Borges em 7 de janeiro de 1950, o qual era vizinho da escola.

Em 4 de fevereiro de 1951 mudaram-se para a localidade de Santa Helena, então pertencente a Descanso, município de Chapecó. Levaram seis dias de viagem de caminhão, pois tiveram que esperar em Barril (atual Frederico Westphalen – RS) por três dias devido à chuva, ao barro e a buracos, e o caminhão não conseguia seguir viagem. Ao chegarem na localidade Leste, residiram com parentes e amigos por alguns meses até construir sua residência.

Em 1952 recebeu em Descanso a portaria de professora para lecionar em Santa Helena, porém ali não tinha escola e nem igreja. Então começou a lecionar na segunda casa que construíram em Santa Helena, de Vitorino Fagundes, o qual repartia a casa com uma parede de madeira, sendo metade para a escola e residia na outra metade. Ali não havia carteiras, nem quadro negro, alguns alunos se sentavam em alguns banquinhos, outros no chão, escreviam em lousas de pedra.

A escola municipal de Santa Helena, pertencente e localizada no distrito de Descanso, começou a funcionar em 1º de março de 1952, sendo Oralina A. L. Borges a primeira professora. Lecionou dentro da igreja de Santa Helena até o ano de 1959, porém em 1954 a escola passou para a administração estadual.

Em outubro de 1956 nasceu o primeiro filho, Josir Borges; em julho de 1959 nasceu a primeira filha, Maria do Carmo Borges.

Em julho de 1960 mudou-se para o interior de São Miguel do Oeste, atual Bairro São Sebastião, na Linha Três Curvas. Em setembro de 1961 nasceu o terceiro filho, Clair Borges. Ficou ali por poucos anos sem lecionar porque não tinha escola próximo. Construíram então uma escola municipal na linha Três Curvas (Escola Municipal Castro Alves), sob a administração do prefeito Avelino de Bona, em 1961.

Nesta escola se efetivou como professora, ainda com a formação até a quarta série, e nesse local lecionou até o ano de 1972. Em março de 1969 nasceu a quarta filha, Maria de Lourdes Borges, e em fevereiro de 1971 a última filha, Maria Salete Borges.

Até então lecionava as quatro séries iniciais concomitantemente. Os alunos de cada série se sentavam em filas específicas. Dividia o quadro em quatro partes e ia colocando a matéria e os exercícios para cada série e passava para a outra.

No ano de 1971 fez o supletivo do primeiro grau e no ano 1972 fez a prova em Maravilha. Em 1973 começou a frequentar o magistério (presencial durante o período de férias – denominado Normal de Férias) e se formou em 1975.

Nas décadas de 1970 e 1980 foi professora na Escola Municipal do Bairro Salete, no Bairro Alberico Azevedo (Jardim Peperi), na Escola Jaldyr e no Colégio São Miguel. Ainda, lecionou na Apae por 11 anos.

Sentia muito orgulho de ter recebido no dia 15 de fevereiro de 1995 o título de cidadã honorária de São Miguel do Oeste, no advento da passagem do aniversário do município, indicado pela sua aluna, então vereadora Maria Lúcia Werlang.

Depois de sair da sala de aula, aos 70 anos, se dedicou a ajudar os outros por meio de diversos trabalhos voluntários. Fez o curso de Ministra da Esperança da Igreja Católica na matriz de São Miguel do Oeste. Foram enviados para a Pastoral da Esperança pelo Pe. Tedesco em 1997 com a missão de visitar os doentes nas casas, nos hospitais, rezar, animá-los e levar a comunhão a eles. Fazia visita nos presídios. Também ajudou nas cerimônias fúnebres, nas celebrações da Igreja, e a distribuir a comunhão.

Participou da Pastoral da Saúde desde a sua fundação. Fez vários cursos sobre saúde com diversos professores. Nestes trabalhos voluntários, procurou levar uma palavra de conforto e esperança.

Passada a época da pandemia, parecia que ela não tinha mais muito tempo para fazer tudo o que queria, tinha uma ânsia pela vida, para sair abençoar, visitar os doentes, ir à missa. O corpo de quase um século de vida foi sentindo e órgãos do seu corpo davam sinais de esgotamento.

Por fim, essas são suas palavras: “Agradeço em primeiro lugar a Deus pela vida, pela saúde, pela proteção, pela oportunidade que ele me deu com esta missão abençoada. Agradeço aos meus pais pelo amor e ensinamentos, meus irmãos pela companhia na infância e na caminhada da vida, a toda a grande família que construí junto com meu marido Vivaldino Borges, aos meus amigos, colegas e a todos os que me ajudaram. Agradeço também as dificuldades que se apresentaram no meu caminho, pois me tornaram mais forte. Peço a Deus que abençoe a todos”. Oralina faleceu no dia 10 de abril de 2024, aos 98 anos, vítima de causas naturais.

Fonte: Ascom
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