
De acordo com a última atualização do Ministério da Saúde, divulgada na quinta-feira (02), o Brasil registrou ao menos 59 casos de intoxicação por metanol associados ao consumo de bebidas alcoólicas adulteradas - sendo 11 confirmados, dentre eles um óbito. O estado de Santa Catarina não registra nenhum caso suspeito até o momento, contudo, o Governo Estadual mobilizou a rede assistencial e de vigilância para detecção precoce, manejo imediato e notificação obrigatória de casos suspeitos ou confirmados.
Ainda na quinta-feira, a Secretaria de Estado de Saúde (SES), emitiu e enviou uma Nota de Alerta aos municípios. “Por determinação do governador Jorginho Mello organizamos toda a rede de saúde com orientações e definição de manejo clínico. Enviamos uma nota técnica aos municípios com todos os detalhes e se houver alguma suspeita de intoxicação estamos preparados para atender a nossa população, inclusive com agilidade na realização de exames e com antídoto disponível”, destaca o Secretário de Estado da Saúde, Diogo Demarchi
Em casos de atendimentos com suspeita de intoxicação por metanol, o serviço de saúde deverá entrar em contato com o Centro de Informação e Assistência Toxicológica de Santa Catarina (CIATox-SC), a fim de garantir o manejo adequado ao paciente. Outra recomendação é guardar a embalagem/lote da bebida, registrar o local de aquisição e identificar possíveis expostos, reforça a SES.
- Iniciais (até 6h): cefaléia, tontura, sonolência, náuseas, vômitos, dor abdominal, alterações visuais (visão turva, escotomas, fotofobia), quadro de “embriaguez atípica”.
- Latência (12–24h): acidose metabólica progressiva; sintomas neurológicos e visuais podem se intensificar; coingestão de etanol pode retardar a evolução.
- Graves: convulsões, coma, cegueira irreversível, acidose refratária, choque, insuficiência renal, pancreatite, arritmias e falência multissistêmica.
A Nota de Alerta da SES explica que o metanol (CH3OH) é um composto orgânico da família dos álcoois, encontrado sob a forma líquida à temperatura ambiente, sendo utilizado principalmente na indústria química como matéria-prima para a fabricação de fluidos automotivos, solventes, produtos de limpeza e combustíveis. O uso deste composto em bebidas alcoólicas é ilegal e altamente perigoso.
Diversos países já relataram intoxicação em surtos de grande magnitude (México, Índia, Indonésia, República Tcheca), com letalidade elevada e sequelas graves, principalmente cegueira permanente. O registro de aumento de casos no Brasil, associados ao consumo social de bebidas adulteradas, foi configurado como um Evento de Saúde Pública (ESP).
Respostas do Governo Federal
O Ministério da Saúde instalou uma Sala de Situação e anunciou uma série de medidas durante a quinta-feira, como a parceria com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), para um estoque estratégico em hospitais universitários federais e serviços do SUS com 4,3 mil ampolas de etanol farmacêutico. Além disso, está em andamento a compra emergencial de mais 5 mil tratamentos (150 mil ampolas), garantindo a reposição e distribuição do produto conforme a necessidade de estados e municípios.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também publicou chamada pública para identificar fornecedores internacionais do fomepizol, medicamento específico para intoxicação por metanol, atualmente não disponível no Brasil, em resposta a ofício do Ministério da Saúde que solicitou urgência na medida. Complementarmente, o Ministério oficializou pedido à Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) para a doação imediata de 100 tratamentos de fomepizol e manifestou intenção de adquirir outras 1.000 unidades do medicamento por meio da linha de crédito do Fundo Estratégico da OPAS, ampliando o estoque nacional.
“Os pedidos e compras de antídotos que estamos fazendo são por precaução. Nos últimos anos, não ultrapassamos 20 casos por ano, mas temos observado um registro maior no estado de São Paulo. Essas são medidas preventivas do Ministério da Saúde", reforçou o Ministro Alexandre Padilha.
O último óbito por este tipo de intoxicação de metanol em Santa Catarina aconteceu em 2022 e não teve relação com bebidas adulteradas e sim com a ingestão de combustível.

