
Em coletiva nesta terça-feira (29), o secretário da Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCRJ), Felipe Curi, defendeu a operação realizada nos Complexos da Penha e do Alemão que resultou em mais de 130 mortes, de acordo com a Defensoria Pública. Para Curi, o contexto de “guerra assimétrica” travada no território do estado torna as forças policiais estaduais na mais preparada instituição para combater as organizações criminosas presentes.
“Eu desafio qualquer um aqui chamar a Scotland Yard, CIA, quer chamar o Mossad, FBI, pode chamar quem for, até a Nasa, Não vai fazer o que nós fazemos aqui. ‘Ah, temos que chamar a Força Nacional’. A Força Nacional não é especialista”, reclamou Felipe Curi.
Para exemplificar, o secretário citou que a polícia regional precisou, em algumas ocasiões, resgatar agentes da Força Nacional detidos em zonas em disputa com organizações criminosas. Segundo Curi, as avaliações de que faltou inteligência, ou seja, trabalho de investigação para reduzir os riscos de letalidade, são feitas por “engenheiros de obra pronta” e “falsos especialistas”.
“Nós optamos em aumentar o risco da nossa tropa e diminuir consideravelmente o risco da população que vive ali nos Complexos da Penha e do Alemão. A manobra, todo o trabalho de inteligência foi meticulosamente calculado e deu certo”, comentou Felipe Curi. “Para quem está falando que não há inteligência, para quem não sabe, em áreas deflagradas, quanto mais inteligência nós tivermos, mais confronto nós vamos ter. A lógica é inversa, e foi justamente o que nós encontramos ontem.
Apesar de sua defesa, deputados federais da base do governo, eleitos no Rio de Janeiro, criticaram a atuação da polícia na operação e a classificaram como chacina continuada. Em nota, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) se manifestou afirmou que “o enfrentamento ao crime organizado deve ser conduzido com base em inteligência, planejamento estratégico e, sobretudo, na preservação da vida”. Na Câmara, a Comissão de Direitos Humanos e Minorias enviou ofício ao procurador-geral da República, Paulo Gonet, solicitando avaliação da prisão preventiva de Cláudio Castro (PL).
“Quero falar também para quem rotulou ou tentou rotular esta operação como chacina, maldosamente, chacina é a morte indiscriminada, ilegal de várias pessoas ao mesmo tempo, de maneira aleatória. O que nós fizemos ontem é uma ação legítima do Estado para cumprimento de ordens judiciais: 180 mandados de busca e apreensão e cerca de 100 mandados de prisão”, afirmou Curi.
De acordo com Felipe Curi, a operação desta terça-feira “foi o maior baque que ocorreu no Comando Vermelho em toda a sua história”. Ainda sem um balanço oficial, o secretário afirmou que houve grande perda para a organização criminosa em termos de armas, drogas e lideranças.
O secretário da Polícia Militar (RJ), Coronel Marcelo de Menezes Nogueira, frisou que a operação no Rio observou as orientações para “garantir a integridade física das pessoas de bem que residem tanto no Complexo do Alemão quanto no da Penha”. Segundo o militar, quase a totalidade dos confrontos da última terça-feira se deu nas matas. O confronto se iniciou às 6h, segundo o Coronel Marcelo, e se encerrou apenas às 21h.
“A opção pelo confronto, onde nossas tropas do Bope estavam dispostas, se deu pelos marginais, pelos narcoterroristas”, comentou o secretário. “Aqueles que quiseram se render e optaram pelo não enfrentamento foram devidamente presos e conduzidos para a delegacia policial.”
Até o momento, a informação do governo do Rio de Janeiro é de 100 pessoas detidas na operação no Rio. Segundo o Coronel Marcelo de Menezes, todas as guarnições utilizaram câmeras corporais. Como exemplo do cenário encontrado no local da operação no Rio, o secretario exibiu trechos das imagens captadas, inclusive de um policial aguardando mais de 2h pelo socorro médico.

