Depois de encerrar o primeiro trimestre em alta, o desemprego no Brasil recuou e passou a afligir 8,5% da população nos três meses finalizados em abril, o menor patamar para o período desde 2015 (8,1%).
O percentual de desocupados equivale a 9,1 milhões de pessoas ainda fora da força de trabalho, mostram dados divulgados nesta quarta-feira (31) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Na comparação com o trimestre encerrado em janeiro de 2023, a taxa de desocupação aparece 0,1 ponto percentual maior, o que corresponde a uma estabilidade. Já na comparação com o mesmo intervalo do ano passado, o desemprego registra queda de 2 pontos percentuais.
O movimento é diferente do observado historicamente, explica Alessandra Brito, analista da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios). "O padrão sazonal do trimestre móvel fevereiro-março-abril é de aumento da taxa de desocupação, o que não ocorreu desta vez”, afirma.
Apesar da estabilidade no volume de pessoas desempregadas, o contingente recuou 19,9% (menos 2,3 milhões de pessoas) na análise anual. Por outro lado, o número de pessoas ocupadas, de 98 milhões, recuou 0,6% (ou menos 605 mil pessoas) na comparação com o trimestre finalizado em janeiro.
“Essa redução faz parte da tendência sazonal observada na série histórica. Quando se compara abril com janeiro, essa redução tem ocorrido, exceto pelo período da pandemia”, recorda Alessandra Brito, ao analisar os resultados.
A queda na população ocupada foi puxada pelos resultados das atividades de serviços domésticos, que registraram retração de 3,3% (ou menos 196 mil pessoas), além dos setores de agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (queda de 2,4% ou 204 mil pessoas) e comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (diminuição de 1,4% ou 265 mil pessoas).
Já a população fora da força de trabalho ficou em 67,2 milhões de pessoas, um aumento de 1,3% na comparação trimestral, ou mais 885 mil pessoas. Na comparação anual, o crescimento foi de 3,5% ou mais 2,3 milhões de pessoas.
Segundo Alessandra, o aumento "parece ter a ver mais com questões demográficas que com reflexos do mercado de trabalho, uma vez que o contingente de desalentados ou da população na força de trabalho potencial, que fazem parte dessa população, apresentou redução no trimestre”.
Carteira assinada
Os números apresentados pela Pnad também mostram que a quantidade de empregados sem carteira assinada no setor privado recuou 2,9% em relação ao trimestre terminado em janeiro e somam 12,7 milhões. Também o contingente de trabalhadores domésticos recuou: diminuiu 3,2% e chegou a 5,7 milhões de pessoas.
Na contramão, os contingentes de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado (36,8 milhões), de trabalhadores por conta própria (25,2 milhões) e de empregados no setor público (12 milhões) ficaram estáveis em abril.