O mundo deve ficar ainda mais quente. Foi este o alerta emitido nesta terça-feira (18) pela OMM (Organização Meteorológica Mundial) durante conferência em Genebra, na Suíça. Segundo o órgão, vinculado à ONU, ondas de calor extremas devem piorar nos próximos meses em todo o planeta.
Países do Hemisfério Norte vêm sendo duramente castigados pelo calor, que já chegou aos 52,2°C na China, no último domingo (16). Este foi o dia mais quente da história do país.
Para os próximos dias, todo o continente asiático, América do Norte e a Europa também estão sob alerta. A ilha mediterrânea da Sardenha, Itália, pode ter máximas de mais de 47°C.Segundo o cientista da OMM, John Nairn, que estuda as altas temperaturas, a situação atual, já alarmante, deve piorar. “O fenômeno El Niño, recentemente declarado, vai apenas amplificar a incidência e intensidade de ondas de calor extremas”, afirma.
Recordes de calor e o dia mais quente da históriaO mês de julho tem sido histórico quando o assunto é termômetro nas alturas. Na terça-feira (4), foi estabelecido um novo recorde mundial do dia mais quente da história do planeta, com temperatura média global de 17,18°C. Os dados são do Centro Nacional de Previsão Ambiental.
O mundo nunca tinha registrado temperaturas médias acima dos 17°C e, para especialistas, esse é apenas o primeiro recorde a ser batido.“Um dos fenômenos notáveis que observamos é que o número de ondas de calor simultâneas no hemisfério norte multiplicou por seis desde os anos 1980. Esta tendência não mostra nenhum sinal de queda”, afirma o cientista da OMM.
No Vale da Morte, nos Estados Unidos, a temperatura ainda no domingo (16), chegou a 53,3°C. A região é conhecida por registrar o dia mais quente da história do planeta em uma só localidade: 56,7°C, em 1913.Calor extremo x saúde
A preocupação principal das organizações é com a saúde dos moradores das regiões em alerta. Só em 2022, estima-se que mais de 61 mil pessoas tenham morrido pelas condições climáticas de altas temperaturas.Segundo a OMM, o perigo maior ocorre à noite, já que o corpo humano não é capaz de se recuperar do calor contínuo. A condição levaria a um possível aumento de casos de ataques cardíacos e até morte.
Para a agência, os aumentos constantes dos gases do efeito estufa também são os grandes vilões da situação, e é necessário diminuí-los “o mais rápido e profundamente possível”.Como fica SC nessa história
Enquanto no Hemisfério Norte o calor é extremo, no Sul o inverno domina os termômetros. Mesmo assim, a falta do frio característico e constante para a estação, e o vai e vem das temperaturas, mostram o Brasil e Santa Catarina também têm sentido as alterações do tempo.
Para a professora de oceanografia da Universidade Federal de Santa Catarina e pesquisadora sobre mudanças climáticas, Regina Rodrigues, o Brasil segue a mesma tendência mundial de aquecimento.“Não só a temperatura a média global aumentou, como no Brasil aumentou mais ainda! No mundo, em cem anos, são 1,2 ºC de crescimento, mas aqui no país, esse aumento é de 1,3 ºC”, afirma Regina.
Prova disso, é que depois de enfrentar os efeitos de um ciclone extratropical que causou vários estragos, e dias seguidos de frio extremo nesta semana, Santa Catarina deve ter um ‘veranico‘ no próximo fim de semana.
No sábado (22) o sol volta a predominar em todas as regiões. As temperaturas permanecem amenas durante a manhã, mas se elevam gradativamente até a tarde, permanecendo na casa dos 23°C em boa parte do Estado e ultrapassando os 26°C no Extremo Oeste.
No domingo (23) o calor se intensifica durante a tarde. As máximas devem ser bastante elevadas em relação ao esperado para esta época do ano, atingindo os 25°C em praticamente todas as regiões.Conforme o meteorologista Piter Scheuer, no Grande Oeste e no Litoral Sul os termômetros devem ultrapassar os 26°C e se aproximar dos 30°C neste dia.
Segundo a Epagri/Ciram, ainda é cedo para prever como serão os próximos meses e a chegada do calor no Estado, mas a expectativa é de um verão com dias ainda mais quentes.
Para Regina, as perspectivas são complicadas, e ameaçam a principal economia catarinense: a agricultura. “Isso tudo (o calor crescente) tem um impacto muito grande para o campo, porque com temperaturas mais altas, a taxa de evaporação da água é mais alta, e mais seco fica o solo. E além desse aumento de temperaturas ser ruim pra agricultura, é também um mau sinal pra saúde humana” finaliza.