INTERNET - 08/01/2025 11:34 (atualizado em 08/01/2025 16:18)

Entenda a decisão da Meta de encerrar checagem de fatos no Facebook, Instagram e outras redes

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Foto: Freepik

A Meta, dona do Instagram, Facebook e WhatsApp, anunciou nesta terça-feira (7) que está encerrando o o programa de verificação de fatos. A empresa vai adotar as “notas de comunidade”, em que os próprios usuários fazem correções — um recurso similar ao implementado pelo X, de Elon Musk. As informações são do g1.
O anúncio foi feito em um vídeo publicado pelo presidente-executivo da empresa, Mark Zuckerberg. Ele afirma que os verificadores “tem sido muito tendenciosos politicamente e destruíram mais confiança do que criaram”.
Zuckerberg afirmou que o programa de verificação tem sido cada vez mais usado para calar opiniões e excluir pessoas com ideias diferentes. Segundo ele, com o fim da verificação por terceiros, “menos coisas ruins serão percebidas” pela plataforma.
— Vamos nos livrar dos verificadores de fatos e substituí-los por Notas da Comunidade, semelhantes ao X, começando nos EUA. Isso significa que identificaremos menos conteúdos problemáticos, mas também reduziremos a remoção acidental de postagens e contas de pessoas inocentes — declarou Zuckerberg.
As principais mudanças anunciadas pela Meta são:
A Meta deixa de ter os parceiros de verificação de fatos (“fact checking”, em inglês) que auxiliam na moderação de postagens, além da equipe interna dedicada a essa função;
Em vez de pegar qualquer violação à política do Instagram e do Facebook, os filtros de verificação passarão a focar em combater violações legais e de alta gravidade.
Para casos de menor gravidade, as plataformas dependerão de denúncias feitas por usuários, antes de qualquer ação ser tomada pela empresa;
Em casos de conteúdos considerados como de “menor gravidade”, os próprios usuários poderão adicionar correções aos posts, como complemento ao conteúdo, de forma semelhante às “notas da comunidade” do X;
Instagram e Facebook voltarão a recomendar mais conteúdo de política;
A equipe de “confiança, segurança e moderação de conteúdo” deixará a Califórnia, e a de revisão dos conteúdos postados nos EUA será centralizada no Texas (EUA).

Como funciona checagem de fatos e notas da comunidade
O Facebook cirou, em 2016, um programa de fact-checking em mais de 26 idiomas que remunera mais de 80 organizações de mídia em todo o mundo para usar suas verificações de fatos em suas plataformas, como WhatsApp e Instagram. Publicações sinalizadas como imprecisas podiam ganhar rótulos com informações adicionais aos usuários e serem movidas para baixo nos feeds.
Já as notas de comunidade são uma ferramenta de moderação coletiva de conteúdos. Elas aparecem abaixo de algumas publicações potencialmente enganosas. O X (antigo Twitter) as utiliza desde 2021 e, em 2022, elas foram amplamente implementadas na rede social.
As notas são propostas e redigidas por usuários voluntários, que precisam se inscrever previamente, e não são editadas pelas equipes do X. Depois, outros usuários avaliam se a nota é útil ou não, com base em critérios como a pertinência das fontes e a clareza das informações. Se houver avaliações positivas suficientes, a nota aparecerá abaixo do post, fornecendo informações adicionais.
Segundo a Meta, o sistema de notas da comunidade seria “menos parcial” do que a checagem por profissionais.

Nova regra permite ligar público LGBTQIA+ a doenças mentais
A nova política contra discurso de ódio passam a permitir, entre outros pontos, que termos referentes a doenças mentais sejam associados a gênero ou orientação sexual.
“Nós permitimos alegações de doença mental ou anormalidade quando baseadas em gênero ou orientação sexual, dado o discurso político e religioso sobre transgenerismo e homossexualidade”, diz o texto com as novas diretrizes.
A nova versão abre espaço, por exemplo, para que usuários utilizem discursos com “linguagem insultuosa no contexto de discussão de tópicos políticos ou religiosos, como ao discutir direitos transgêneros, imigração ou homossexualidade”.
A atualização ocorreu para locais como Estados Unidos e Reino Unido e foi divulgada no mesmo dia que Mark Zuckerberg anunciou que a empresa está encerrando o programa de verificação de fatos.
Ao selecionar a página em português do Brasil, a versão que aparece ainda é a de 10 meses atrás, sem essas alterações. O g1 questionou a Meta sobre a eventual aplicação da nova política também no Brasil e aguarda resposta.

Alinhamento político a Trump
No vídeo, Zuckerberg também disse que a empresa vai trabalhar com Donald Trump, que assume a presidência dos Estados Unidos no próximo dia 20.
Em fala que se alinha com as do rival Musk, o presidente da Meta falou em pressionar governos que, segundo ele, perseguem empresas americanas para implementar mais censura.
Zuckerberg criticou, ainda, o que chamou de “leis que institucionalizam a censura” na Europa e “tribunais secretos” de países latino-americanos que ordenam “retirar coisas silenciosamente”.
O anúncio foi feito um dia depois de Dana White, presidente-executivo do Ultimate Fighting Championship (UFC) e apoiador de Trump, ser anunciado como novo integrante do conselho administrativo da Meta.
Ainda nesta terça, a Meta também alterou a política contra discurso de ódio de Instagram, Facebook e Threads, permitindo que orientação sexual e gênero sejam associados a doenças mentais.

Críticas a Europa e América Latina
Ao citar Donald Trump, Zuckerberg expressou entusiasmo e disse que finalmente poderá trabalhar ao lado do presidente norte-americano no próximo mandato. Trump toma posse no dia 20 de janeiro.
— Vamos trabalhar com o presidente Trump para pressionar os governos de todo o mundo, que visam perseguir empresas americanas e pressionando para implementar mais censura — afirmou o dono da Meta.
O bilionário afirmou que os EUA possuem “proteções constitucionais mais fortes”, e que “a Europa tem um número crescente de leis que institucionalizam a censura e dificultam a construção de algo inovador”.
— A única maneira de combater essa tendência global é com o apoio do governo dos EUA. E é por isso que tem sido tão difícil nos últimos quatro anos, quando até mesmo o governo dos EUA pressionou pela censura — afirmou Zuckerberg.
Ele também declarou que “os países latino-americanos têm tribunais secretos que podem ordenar que as empresas retirem as coisas silenciosamente”.

Governo Lula vê indireta ao STF
Segundo João Brant, secretário de Políticas Digitais da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da presidência, a frase de Zuckerberg sobre “tribunais secretos” foi uma referência ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Isso porque já houve casos em que o STF determinou retiradas de conteúdo das plataformas digitais com fake news ou incitação a crimes contra o estado democrático de direito.
— O anúncio feito hoje por Mark Zuckerberg antecipa o início do governo Trump e explicita aliança da Meta com o governo dos EUA para enfrentar União Europeia, Brasil e outros países que buscam proteger direitos no ambiente online (na visão dele, os que ‘promovem censura’) — afirmou Brant, ainda conforme o g1.
— É uma declaração fortíssima, que se refere ao STF como ‘corte secreta’, ataca os checadores de fatos (dizendo que eles ‘mais destruíram do que construíram confiança’) e questiona o viés da própria equipe de “trust and safety” da Meta – o que “justifica” uma manobra para fugir da lei da Califórnia e levar a equipe para o Texas — complementa.
Brant ainda afirmou que a posição de Zuckerberg “só reforça a relevância das ações em curso na Europa, no Brasil e na Austrália, envolvendo os três poderes – Judiciário, Legislativo e Executivo”.
À Globonews, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a decisão da Meta “preocupa” o governo brasileiro:
— Tivemos hoje um anúncio de uma importante organização de comunicação mundial, global dizendo que vai retirar dos seus controles os filtros de fake news, aderindo um pouco a mentalidade de que liberdade de expressão inclui calúnia, mentira, difamação e tudo mais, o que nos preocupa.
Haddad citou a disseminação de conteúdos falsos nas eleições presidenciais de 2018 e 2022 no Brasil.
— Nos preocupa. Nós vimos o que aconteceu em 2018 e em 2022. Estamos em um mundo mais complicado. Temos que cuidar da nossa democracia, da integridade das pessoas, das instituições e das informações — disse.

Fonte: Mariana Barcellos | NSC Total
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