APAE DE MARAVILHA - 01/05/2025 09:08 (atualizado em 01/05/2025 10:01)

HÁ 40 ANOS: anseios e sentimentos que mobilizaram a comunidade na fundação da entidade

Conversamos com alguns integrantes da primeira diretoria para conhecer mais sobre esta história
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Foto: Tamara Finardi/ O Líder/ WH Comunicações

No terceiro dia de maio de 1985, um grupo se reuniu nas dependências do Colégio Nossa Senhora da Salete em prol de uma causa nobre: fundar a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) em Maravilha. De acordo com a ata que registra o momento, cerca de 40 pessoas estiveram no encontro, que contou com a presença do então presidente da APAE de São Miguel do Oeste, o qual compartilhou informações sobre a finalidade da associação e os procedimentos para criar e legalizar a entidade. Na oportunidade, uma cópia do estatuto de SMO foi deixada para servir de exemplo. Este encontro simbólico marca um momento de grande relevância para a história de Maravilha, e o dia foi reconhecido como data de fundação da APAE no município, entidade que completa seus 40 anos no próximo sábado (3). 

Assim, há quatro décadas nascia uma mobilização que provocaria uma ruptura e deixaria um legado em Maravilha. Naquele período, sobravam dúvidas e faltavam informações sobre o tema, um cenário fértil para o surgimento de tabus e olhares preconceituosos. Contudo, a dor em comum uniu famílias que buscavam amparo, acolhimento, estrutura e conhecimento para proporcionar melhor qualidade de vida às pessoas com deficiência no município e região. Nesta matéria especial, buscamos apresentar motivações, vivências e sentimentos que mobilizaram a comunidade a abraçar esta luta. Para isso, conversamos com alguns integrantes da primeira diretoria da APAE de Maravilha, para contar esta história a partir de diversas perspectivas.

Uma história coletiva de luta e solidariedade

A primeira diretoria foi eleita no dia 25 de maio de 1985, em assembleia geral onde o estatuto também foi aprovado. Na ata que registra a reunião, a diretoria ficou composta desta forma: presidente: Maximiano Tumeleiro; vice-presidente: Inês Cassol; secretária geral: Aneli Bourscheidt; primeira secretária: Clenir Zanotto; segunda secretária: Zeneide Cembranel; tesoureiro geral: Clódis de Brito; tesoureiro auxiliar: Aires Bertollo. No Conselho Fiscal, foram definidos os seguintes nomes: Eugênio Brambilla, Ivo Roman, Beloni Dal’Agnol, Lêda Gialdi, Joaquim de Almeida, Eneci Gruber, Selvino Dal Pizzol, Rita Haubert e Dóris Gonçalves. 

Foto: Tamara Finardi/ O Líder/ WH Comunicações

O trabalho do primeiro presidente da associação, Maximiano Tumeleiro (em memória), é relembrado pela filha Sônia Brandão com orgulho. Ela destaca a determinação do pai em contribuir para que o projeto da APAE se concretizasse. Sonia tem uma irmã com deficiência, mas a mobilização da família sempre vislumbrou uma solução coletiva para a comunidade local. 

Zeneide Cembranel aceitou o convite para ser a segunda secretária na primeira diretoria, e uma das motivações para entrar neste movimento está na família, pois a filha possui deficiência. A experiência amarga de ver espaços sendo negados à filha marca profundamente Zeneide. Através da APAE, uma nova possibilidade se abriu para acolher sua filha. Claro que ainda existiam desafios, mas através da associação o acesso à orientações melhorou e, somando-se a isso, famílias tiveram a oportunidade de dividir experiências. Este movimento também visibilizou a temática: “A APAE contribuiu para a comunidade mudar o olhar em relação às pessoas com deficiência”, pontua Zeneide.  

Eneci Gruber integrou o primeiro Conselho Fiscal. Ela possui um filho com deficiência auditiva, e as cenas de preconceito que o filho vivenciou ainda ressoam de forma dolorida na memória e no coração. Para ela, participar do movimento de criação da APAE foi uma forma de acolher diversas famílias que tiveram experiências semelhantes às suas, em um contexto onde este debate muitas vezes era silenciado. 

Clenir Zanotto, Aneli Bourscheidt e Lêda Gialdi eram diretoras das escolas do município na época da fundação da APAE. Elas acompanharam este processo e integraram a diretoria e o conselho fiscal. “O trabalho desenvolvido através da APAE proporcionou às pessoas com deficiência novas possibilidade de convívio, socialização e a participação em atividades, bem como assistência às famílias”, destaca Lêda Gialdi. 

Clenir Zanotto recorda que foi necessário realizar um grande trabalho de pesquisa e consultoria para estruturar questões burocráticas e pedagógicas para o início de atendimento dos alunos. Foram incontáveis reuniões, organização de documentos e viagens, em um período em que a logística para troca de informações não era fluida como nos dias de hoje. À época, em São Miguel do Oeste, ficava a UCRE (Unidade de Coordenação Regional de Educação), órgão do governo estadual, que contava com a coordenadora de educação especial Maria Cleci Cunico, a qual contribuiu de forma expressiva com o grupo de Maravilha. Em agosto de 1985 foi realizada a “1ª Semana do Excepcional", evento que contou com palestras de especialistas na área da saúde, contribuindo com a disseminação de orientações e cuidados pertinentes às pessoas com deficiência. A comunidade médica também demonstrou apoio a causa, visando oferecer subsídios para triagem dos educandos. 

A ata de 18 de setembro de 1985 traz uma reunião extraordinária, com a participação de pessoas que se candidataram para dar aulas na APAE. Nesta seleção, foram escolhidas as professoras Edite Bordim, Eli Filipin, Sirlei Gomes e Marivone Traiano.

A professora Marivone Traiano, que atualmente reside no Paraná, enviou uma mensagem expressando orgulho e carinho por sua trajetória junto a APAE: “É uma história muito linda, pois começamos praticamente do zero e seguimos sempre em frente.” Ela destaca que esta atuação proporcionava um aprendizado diário, e recorda que inicialmente eram realizadas visitas junto às famílias que possuíam entes com deficiência. Estas campanhas proporcionaram a oportunidade de atravessar as portas das casas para debater um tema tão sensível e delicado.

Em termos de estrutura, inicialmente foi cedido um espaço vago no Hospital São José de Maravilha para funcionamento da APAE e ações da diretoria, enquanto se buscava formas de viabilizar a construção da sede própria. Em julho de 1985, a Prefeitura de Maravilha cedeu um terreno para a construção da escola - local em que ela funciona até hoje. As atas apresentam que o Lions Clube Maravilha e o Lions Clube Maravilha Oeste se prontificaram a articular a construção das primeiras salas, buscando apoio de toda a comunidade. Em reunião realizada pela diretoria no dia 11 de março de 1986, a vice-presidente Inês Cassol apresentou a correspondência enviada pelos dois Clubes de Lions com convite para o ato de inauguração da sede da APAE, a ser realizado no dia 14 daquele mesmo mês e ano. O nome “Marisol”, foi aprovado pela diretoria para nomear o espaço onde as atividades eram realizadas pelos alunos.

Foto: Tamara Finardi/ O Líder/ WH Comunicações

Com tantos desafios e percalços, o trabalho de muitas mãos foi primordial para a fundação da APAE. Esta matéria compila um trecho de um legado deixado há quatro décadas, mas são incontáveis as pessoas que se engajaram tanto na diretoria, como colaboradores, como voluntários, sem deixar de destacar a participação dos educandos. Um trabalho que segue sendo feito até hoje, de uma forma cada vez mais consolidada, unindo sociedade civil, grupos de serviço, empresas e poder público. “Maravilha é uma comunidade que dá as mãos”, celebra Zeneide Cembranel. 

Com o intuito de valorizar a história da APAE de Maravilha, este mês será marcado por ações especiais. A associação e a direção também projetam ações futuras relacionadas à construção de uma nova sede. Saiba mais nesta matéria que preparamos.

Foto: Tamara Finardi/ O Líder/ WH Comunicações



Fonte: Tamara Finardi/ O Líder/ WH Comunicações
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