DADOS PREOCUPANTES - 28/05/2025 22:16

Brasil registra aumento no número de fumantes pela primeira vez desde 2007; entenda as causas

Em anúncio realizado nesta quarta-feira, em alusão ao Dia Mundial Sem Tabaco, o Ministério da Saúde apresentou crescimento de 9,3% para 11,6% na proporção de adultos que fumam
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O ano de 2024 traz um marco alarmante em relação ao consumo de tabaco no Brasil: houve o primeiro aumento no número de fumantes adultos no país desde 2007, de acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde nesta quarta-feira (28).

Durante o anúncio das informações, representantes da pasta alertaram que houve um crescimento de 9,3% para 11,6% na proporção de adultos fumantes no Brasil. O aumento é o primeiro observado na série histórica do levantamento Vigitel, que é feito por ligações telefônicas. No primeiro ano, o estudo apontou que 15,7% da população de adultos das capitais fumava.

O evento para a publicação dos dados ocorreu em Brasília, em alusão ao Dia Mundial Sem Tabaco, celebrado oficialmente em 31 de maio. A pesquisa, que foi realizada em capitais e no Distrito Federal, aponta que 13,8% dos homens adultos fumam, contra 11,7% no ano anterior. O percentual para as mulheres subiu de 7,2% para 9,8%. Não houve divulgação de dados específicos por cidade, no entanto.

Esta tendência já estava sendo observada nas últimas pesquisas, como em 2023, com o aumento no consumo de cigarros entre as pessoas de 18 a 34 anos. E, agora, com os dados de 2024, confirmou-se o aumento geral — trata-se de um aumento relativo de 25% do total de adultos fumantes.

— É a primeira vez, desde 2007, que encontramos um ponto ascendente na curva. É um dado preocupante, e falo aqui do cigarro, não do cigarro eletrônico — disse, no evento, a diretora do Departamento de Análise Epidemiológica e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis, Letícia de Oliveira Cardoso.

Ela ainda complementou:

— É uma situação que já observávamos na nossa sociedade, nos jovens, e em 2023 já havia um leve aumento. Agora, na média geral, a gente observa este aumento. É urgente que a gente intervenha com ações para que se evite fumar. E são iniciativas que devem ser feitas principalmente junto aos jovens.

De acordo com o epidemiologista e pesquisador do Instituto Nacional de Câncer (Inca) André Szklo, é uma combinação de fatores que provocou este aumento no número de fumantes de 2023 para 2024 — entre eles, a questão de sabores e aromas implementados em produtos oriundos do tabaco e a facilidade de encontrar os cigarros no país, de padarias a bancas de jornais.

— Existe um outro fator que é muito importante, que é o enfraquecimento da política de preços e impostos. Agora, a gente tem a discussão da reforma tributária, do imposto seletivo sobre os produtos nocivos, que taxa, inclusive, derivados do tabaco. Essa é uma medida que impactará diretamente a venda de cigarros. Hoje, o Brasil tem o segundo cigarro mais barato da região das Américas, o que favorece a iniciação e, também, estimula que fumantes não parem de fumar, pois têm acesso a um cigarro muito barato — declara Szklo.

A pesquisa ainda aponta que 2,6% dos adultos das capitais usaram, no último ano, cigarro eletrônico diariamente ou ocasionalmente. Em 2023, esse percentual era de 2,1%. O ministério considera que há um cenário de estabilidade.

Gastos públicos

Na mesma ocasião da liberação dos dados sobre o aumento no número de fumantes no país, o Ministério da Saúde também divulgou um estudo, que foi liderado justamente por André Szklo, que aponta que o governo federal gasta R$ 5 com doenças ligadas ao fumo para cada R$ 1 de lucro da indústria do tabaco.

Este mesmo levantamento do Inca ainda atribui uma morte para cada R$ 156 mil de lucro das empresas com a venda de cigarros legais. O levantamento cruzou dados de 2019 e considerou as mortes relacionadas ao tabagismo, como por doenças cardíacas isquêmicas, acidente vascular cerebral (AVC) e câncer de pulmão.

— A epidemia do tabagismo representa um custo R$ 153,5 bilhões por ano para o país, pegando tudo: fumante de cigarro legal e ilegal, o ex-fumante, que também tem o risco de adoecer, e assim por diante. Ou seja, estamos em alerta vermelho. Precisamos de um conjunto de medidas no âmbito legislativo, mas também no âmbito judiciário, para diminuir a impunidade e aumentar a fiscalização — destaca Szklo.

O pesquisador ainda considera que o Brasil, por ser um país de dimensões continentais, possui uma pulverização de pontos de venda de cigarros, o que dificulta a fiscalização e gera uma facilidade de que esse produto chegue aos adolescentes:

— A gente realizou uma pesquisa, publicada em 2023, mostrando que nove em cada 10 adolescentes que tentam comprar cigarro, em um ponto de venda legal, não em camelô nem nada, conseguem adquirir esse produto. Há, também, a questão da venda de cigarro avulso, que facilita. Todos esses elementos refletem em um aumento na proporção de fumantes, tanto na iniciação, quanto uma queda na cessação.

Veja o anúncio:

Fonte: Gaúcha ZH
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